Isabel Lustosa escreve que d. Pedro I “é o personagem mais fascinante da história do Brasil” — impulsivo, desconfiado e vingativo, traiu amigos fiéis e foi implacável com os inimigos. Transitando entre o grande panorama da história brasileira e europeia no século XIX e o retrato íntimo de Pedro de Bragança e Bourbon, ela prova o seu ponto com verve e conhecimento de causa.

O primeiro imperador do Brasil teve uma trajetória marcada por contradições. Personalidade forte e intempestiva, à qual não faltava um grão de loucura, d. Pedro era capaz dos gestos mais grosseiros, até brutais, mas também das maiores delicadezas. A forma familiar com que tratava a todos causava espanto aos estrangeiros, porém agradava ao povo; seu talento musical fazia par com a habilidade do cavaleiro, capaz de percorrer o caminho entre Rio e São Paulo em tempo recorde.
Nascido em Portugal, aderiu à causa dos brasileiros e fez a Independência; filho de um rei absolutista, foi sempre um homem de ideias liberais e deu constituições ao Brasil e a Portugal — sem se desapegar da ideia de que ele continuava a ser o legítimo herdeiro da Coroa portuguesa. Com isto, lutou e se sacrificou para garantir que sua filha fosse coroada rainha de Portugal e seu filho, imperador do Brasil.