Eu Tenho ID, título que já sugere uma duplicidade de sentido com a palavra ID significando a abreviatura de Identidade, mas também o conceito de Id, um dos componentes do modelo tripartido da personalidade humana criado por Freud, sendo que o livro está dividido no seu interior inclusive nos outros dois conceitos: Ego e Super-Ego versa-se em prosa poética, imergindo-se na mente de poeta. Sónia Costa Campos mostra-nos a beleza suprema das palavras, mesmo que decorridas de solilóquios devaneantes e caóticos nos meandros da lógica e da irracionalidade. Junta, assim, textos poéticos debatidos sob duas partes, Ego e Super-Ego, sobre pensamentos acerca de tudo um pouco, como o que alguém que é poeta pode filosofar e observar no Mundo. Tanto se derrama em poesias que são absolutos artifícios da palavra como noutras contém imensa singeleza de sentimentos, versando sobre o Amor, o Tempo, a Inutilidade, a Beleza, a Alma, o Corpo, a própria Poesia, o Vazio, a Apatia, a Insónia, o Sofrimento e a Morte. No fundo, trata-se de espelhar os vários traços de personalidades que, enquanto poeta, se tem dentro de si e toda a história decorrente da sua vivência, tanto a real quanto a pensada e imaginada. Esta é uma obra desafiante e complexa, pejada de simbolismo.