Em 1929, Virginia Woolf, após receber um legado, escreveu: é notável a mudança de humor que uma renda fixa consegue alcançar. Nada no mundo pode tirar de mim as quinhentas libras que me pertencem. Comida, casa e vestimenta são minhas para sempre. Não preciso bajular homem nenhum. No livro Um teto todo seu, a autora inglesa descreve, com maestria, como a autossuficiência econômica é crucial para uma mulher poder ser quem ela deseja ser em um mundo altamente machista. Hoje, quase cem anos depois, a grande maioria das mulheres continua dependendo economicamente de alguém e, consequentemente, continua sem a autonomia necessária para decidir sobre sua própria vida. A solução, portanto, não é só um dever do Estado, mas uma responsabilidade que cabe a toda a sociedade mundial, pois a discriminação contra a mulher não é exclusividade de determinada classe social, localidade ou cultura, mas está - e esteve - praticamente presente em todas as sociedades. O presente livro, fruto dos estudos de mestrado da autora, possui o mérito de contribuir com o enfrentamento à discriminação de gênero contra as mulheres, ao abordar a problemática a partir de uma perspectiva ainda pouco explorada pela doutrina jurídica nacional, que é a análise crítica das medidas concretas que as sociedades anônimas brasileiras de capital aberto, que aderiram o Pacto Global da Nações Unidas (PG-ONU), vêm implementado para garantir um tratamento isonômico das mulheres no ambiente de trabalho. Ana Maria D Ávila Lopes - Prefácio.