Existe um provérbio africano que diz ser preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Em concordância com isto, o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente proclama: é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente. É dever de todos. Não apenas da mãe, ou da mãe e do pai, nem somente da escola, da igreja ou do Estado, mas de todos. Vivemos em um jogo de empurra com a responsabilidade pela educação dos menores. Com o aval do legislador constitucional, essa tarefa é assumida quase integralmente pela mãe, ocasionando a sobrecarga que muitas brasileiras conhecem de perto. A licença-maternidade e a licença-paternidade representam conquistas importantes, mas não são o suficiente. Quando alcançarmos firmemente este entendimento em nosso país, enxergando a criação e o cuidado como trabalho e investimento em material humano, em saúde, em educação e em economia, então o terreno para a semente da licença parental estará pronto para recebê-la e nutri-la, até que cresça e gere seus frutos. Enquanto este momento não chega, seguimos realizando o trabalho de formiguinha, contribuindo com a mudança que queremos ver no mundo.